Especulações livres

27 de fev. de 2007

Retornando

Retirar-se do fluxo normal da vida por quase dois anos tem la as suas vantagens. Serve como uma maneira de quebrar vicios forcosamente. Uma quebra brusca da rotina te impede de repetir padroes de comportamento, de procurar conforto em antigos vicios (substancias, pessoas, etc), de continuar sendo algo com o que voce nao esta satisfeito. Ha que se esclarecer que fica muito mais facil entender as coisas quando temos o privilegio de olhar para tras. Enquanto estamos passando por algo assim, tudo parece turvo, confuso e sem sentido nenhum. O problema e voltar. Como voltar? O que retomar, e o que ficou definitivamente para tras? Se experimentar nao e tao atraente como era antes, como fazer agora? Como se comportar diante da infinidade de coisas que o mundo oferece, sem repetir a mesma vida que voce tentou a tanto custo largar para tras? Isso sem falar nos questionamentos mais impulsivos e negativos, do tipo: precisava tanto tempo? Nao foi tudo uma crise idiota sem nenhum motivo valido? Mas esse tipo de pensamento nao tem muita valia depois que a coisa ja aconteceu. Dado o fato da quebra, da interrupcao, e da recente necessidade de voltar a ser alguem que sai, namora, socializa, tem projetos de futuro e vontades, alguem que nao e crianca mas ainda nao e tao velho assim, como retomar? Sim, tem coisas que a gente nao esquece, mas tem coisas que perdem o sentido, e tem coisas que voce simplesmente nao quer mais fazer. Parece que a cada tantos anos poderei fazer um post assim: a cada nova fase da vida a gente parece que tem que reaprender tudo, recalibrar os reflexos, reorganizar a nossa identidade. Criancas, adolescentes, adultos, mais adultos, etc etc. Aluno, professor, solteiro, amante, casado, familia, conservador, medroso, valente, intrepido. Com cada mudanca me sinto vivendo uma outra vida completamente diferente. Ainda nao entendo o fascinio que algumas pessoas mais jovens tem por mim, mas ainda assim fico lisongeado. Nao sei o que fazer com isso, quando era sempre eu o "mais jovem". Eu tento racionalizar dizendo que estar assim "em aberto" e uma coisa boa, permitindo-me experimentar coisas que eu nao faria antes, por me achar esta ou aquela pessoa; sem os limites de algumas certezas, poderia buscar ser outras coisas, e talvez ser mais feliz. Bom, e o que me resta, sendo que continuo ao sabor do CAOS e de um fluxo as vezes rapido demais para que eu consiga curtir as paisagens que passam por mim enquanto tento ficar com a cabeca acima d'agua, levado por uma correnteza que eu nao faco a minima ideia de onde acaba. A solidao bate cada vez mais forte; so nao sei como me comunicar direito, uma certa volta a adolescencia me tornou de novo receoso e introspectivo, de uma forma nova.
Mas a gente vai levando... Enquanto isso, o blog nao morre, mas as atualizacoes ficam mais espacadas. Agradeco a todos que continuam passando por aqui, e peco desculpas aos amigos que nao leio ha muito tempo. Questoes de momento, como todo mundo ja experimentou.

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