Especulações livres

28 de mai. de 2007

Degas e a representacao

Estava passeando pela Rua Guadalupe, perto do campus aqui em Austin, e entrei numa livraria, atraido pelas ofertas de livros baratos. Livros a 1 dollar, ou 2 ou 3. Como bom viciado, nao pude resistir. Sabia que, uma vez ali dentro, acabaria comprando uma ou outra coisa. Logo achei algo que poderia me interessar: um livro sobre filosofia medieval aristotelica, pre-cartesiana. Esoterico, pensei comigo mesmo, mas vai saber se um dia nao preciso disso, ou nao tenho algum tempo sobrando? provavelmente nunca vou ler, como tantos livros que compro; mas como tantos outros, acabam sendo cruciais em algum momento por algum motivo obscuro. Um outro livro me chamou a atencao: um dicionario de arte francesa do seculo XIX, uma edicao linda, com papel de alta qualidade e imagens a cores. Folheando o livro achei bastante esoterico tambem, mas nao resisti, comprei. Fui tomar um cafe logo depois e abrindo os livros, de de cara com a seguinte imagem:

O quadro chama-se L'etoile, e foi pintado por Degas entre 1876-1877. Fiquei fascinado pois, como num post abaixo onde falo da queda de Icaro (ou nao falo, pois ai esta o "point" da coisa), aqui o quadro me pareceu fascinante pela forma como trata da questao da representacao. Sim, alguns leitores diriam que estou projetando minhas obsessoes em cima da obra, mas ainda que seja isso, seria uma leitura valida. Degas, ainda que nao seja impressionista por definicao, circulou no movimento e e lido como um deles. Uma das coisas que me fascinam no Impressionismo e que colocam em questao a representacao em si mesma. Nesse quadro, parece-me que aqui a questao aparece duplamente: tanto na forma de pintar quando no tema pintado. Deixo ao leitor a tarefa de imaginar uma leitura do quadro nesses termos, afinao o post era mais para marcar o momento, e enfeitar meu blog com essa linda imagem...

26 de mai. de 2007

Bandy Bandy

So uma musiquinha que eu achei e gostei... Lembrei-me do quanto gosto da Sra. Badu, e do quanto escutei algumas musicas dela.

23 de mai. de 2007

Zwartboek (Paul Verhoeven, 145 min, 2006)


So para nao perder o costume, ja que andei indo ao cinema ultimamente, posto aqui um pequeno comentario irrelevante sobre esse grande filme do diretor holandes Paul Verhoeven. O filme me faz lembrar Sampa (ultimamente tudo me faz lembrar aqueles 4 anos), e do filme que vi numa sessao Comodoro qualquer: De Vierde Man, ou O Quarto Homem, de 1983, se nao me engano. Uma historia bizarra sobre assassinato, homosexualidade e paixoes proibidas. Conhecia Verhoeven basicamente por Tropas Estrelares, um filme de ficcao cientifica que poderia passar completamente desapercebido como mais uma tentativa de copiar Guerra nas Estrelas, nao fosse o subtexto eugenico e nazista, entre outras criticas sociais interessantes que aparecem no filme. Apos ver O Quarto Homem, abriu-se uma nova percepcao desse cineasta, e senti que havia ali algo que eu deveria descobrir mais a fundo. Quando o filme abriu aqui, depois de sofrer para conseguir uma carona ao cinema (bons tempos em que eu andava a pe para todos os meohores filmes do mundo! No Texas quem nao tem carro nao faz nada) pude me deliciar com uma narrativa insolita, ainda que supostamente baseada em fatos reais, de uma garota judia, escondida do governo nazista que ocupara a Holanda, e que infiltra-se nos mais altos escaloes do nazismo local.
Para mim o interesse maior foi investigar essa ideia de Verhoeven como um cineasta do insolito e do bizarro, um pouco como Lynch (este que conseguiu firmar-se como detentor dessa marca), mas de uma forma altamente sexualizada, levando em conta as paixoes humanas e explorando vertentes dessas motivacoes que nao sao exploradas em outros roteiros, por outros cineastas. Como comentario sobre o filme sei que nao acrescentei nada a compreensao de ninguem sobre o filme ou sobre o cineasta, mas posso dizer que as 2 horas e meia de filme conseguem deixar a impressao, salvo alguns exageros, do quanto a realidade consegue ser mais insolita que qualquer ficcao poderia pretender ser.

9 de mai. de 2007

O filho de Komentarista

Faz um tempo que nao escrevo nada no blog. Nao por falta de material escrito, mas por que ultimamente tenho canalizado muita energia criativa no meu atual trabalho. Ando produzindo muitos textos que estao presos num limbo, sem serem lidos por ninguem, nem serem aproveitados para outras coisas. Por conta disso, resolvi criar um outro blog, companheiro do Komentarista, para publicar o material que ando produzindo ultimamente. O blog se chama Anthropologies of the Body, e esta em ingles por conta do meu contexto profissional aqui em Austin. Sao textos mais teoricos, mas com muitas das coisas que tenho feito no Komentarista. Sao textos de aulas, coisas que pensei e escrevi, e pedacos das minhas pesquisas atuais. Infelizmente o Komentarista, blog que eu amo, vai ficar mesmo de lado por um tempo, mas convido a todos conhecerem meu novo blog e continuarem a ler e a comentar minhas ideias.

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