Especulações livres

9 de dez. de 2006

Apocalypto (EUA, 2006)






Ontem fui ver o filme, ja devidamente informado das injusticas que Mel Gibson e o filme cometiam contra a cultura Maya, contra o povo maya, sobre a violencia extremada e gratuita que perpassa todo o filme, sobre os horrores que se acometeriam sobre mim se eu porventura gostasse mesmo que um pouco do filme, sendo o diretor um cristao fanatico e publicamente anti-semita. No final do filme, ainda abalado com as cenas de extrema violencia (que sao realmente impressionantes), e maravilhado com as imagens de uma cidade Maya decadente e estranhamente familiar (onde politicos e clerigos, ao lado de uma elite sangue-suga, se deleitam nos prazeres da carne e da arte, dando vazao a um sadismo puro de forma extremamente grotesca e livre), posso dizer que gostei sim do filme. Mas como eu achei o ultima versao de King Kong o filme B mais caro da historia, e sempre achei Mojica Marins um cineasta serio, o leitor desconfiado pode achar que eu tenho pouca ou nenhuma autoridade para recomendar um filme como esse. Por isso mesmo aconselho cautela: nao va assitir o filme esperando um drama historico, nem uma historia de amor pura, nem um filme politico, nem qualquer critica velada ao presidente Bush ou ao imperialismo americano.


Tais leituras pseudo intelectuais e CHATAS nao fazem justica ao que eu realmente achei interessante no filme: violencia cuidadosamente pensada e destrinchada em suas inumeras nuances; motivacoes complexas e, por vezes, irracionais; uma estetica quase kitsch, ou para usar o termo que um critico usa para descrever o filme, pornografica, na forma como se deleita por detalhes morbidos dessa dita violencia. O comeco do filme e bem irritante, mostrando os "bons selvagens" integrados com a floresta. Mas logo a coisa toma um rumo macabro, e o filme deslancha. Em alguns momentos me lembrei de Cannibal Holocaust, e outros filmes do genero. Nao pela razao simples da violencia, mas pela forma como a violencia e analisada e tornada concreta. O uso da estetica Maya torna o filme ainda mais exotico e interessante, e espero que este seja o primeiro de muitas reconstrucoes desse contexto cultural.

5 comentários:

Anônimo disse...

texto empolgante e eu q. curto o Mel Gibson seja como ator ou diretor e acho "A Paixão de Cristo" um puta filme, já fiquei ansioso.

Marko disse...

Edu, fico honrado de ter de novo comment seu por aqui! Abracos! Vai ver sim, vale a pena; nao vi a Paixao, mas esse e bem interessante!

Anônimo disse...

mas já deixei outros em tempos recentes, seu blog é parada obrigatória!!!

Anônimo disse...

Esse é o terceiro filme que mais tenho aguardado esse ano. Os outros dois eram Dália Negra, de Brian de Palma e Babel, de Alejandro González-Iñarritú (esse visto no festival do Rio esse ano). Críticas à parte, considero Mel Gibson um grande realizador de cinema. A Paixão de Cristo foi um exercício interessante, independente das questões anti-semitas. Espero que com Apocalypto ele repita a fórmula de um bom espetáculo. Abraços do crítico da caverna.

Ale Lima disse...

Mais um filme sanguinolento do Mel Gibson ? Alguém merece ? Analisando de outra forma, será que tirando as cenas violentas, o filme perderia a essência ? Bjs

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