Especulações livres

14 de nov. de 2008

Mico


Mico, eu pensava, era o que rolava com os outros. Eu sempre fui imune, na minha fantasia. Imagina eu bancar o idiota desse jeito! Imagina eu, cair na conversa de alguém! Imagina eu, cair numa cilada tão óbvia! Daí, de tanto falar dos outros, você cai. E se vê fazendo tudo errado, igualzinho a todo mundo. Nada grave, mas mico é mico. E não perdoa. Você acaba passando pelo ritual completo e, mesmo dias depois, continua fazendo merda, sob o pretexto de conversar. Depois de pensar um pouco, você percebe que, sim, envelheceu, para o bem e para o mau. Para o bem, pois é mais ponderado, mais experiente e acumula menos gordura pelo corpo; para o mau, pois a barriga só cresce, o cabelo só cai e todo mundo no bar tem 10 anos a menos do que você. Ainda incerto sobre seu novo papel nesse jogo todo (pois só trabalha e evita as pessoas), acaba pagando os micos que tanto criticou nos outros quando você era o carinha de 18 (ou 23) anos, achando aquilo tudo muito emocionante. O lado interessante dessa história é que você acaba entendendo coisas que, na época, te pareciam impenetráveis. Pequenas babaquices que te irritavam nos outros e que, agora, são parte da sua própria natureza. Um pouco triste, mas um pouco de alívio. Alívio sim: pois percebe que não passa de um ser humano, tateando pelo mundo de forma tão cega quanto os que vieram antes, e provavelmente como os que virão depois. E tenta se perdoar no meio disso tudo...

4 comentários:

Rodrigo disse...

Até parece que você é uma cacura... êita drama queer...

Marko disse...

Eu to tendo crise pré-35 anos hahahaha para cada época da vida, uma crise que combina com você!

Ale Lima disse...

Eu to na crise dos 30 e chegar nos lugares com gente 10 anos mais nova que a gente realmente é cruel...

Mikaellis disse...

Tiago Mine Vieira disse uma vez que "A realidade evolui, mas não melhora"
E talvez, em meus apenas 16 anos não possa entender por completo o que quis dizer, mas tento fazer com que essas palavras não me peguem desprevinido daqui a 5, 10, 20 anos.
É que é tão difícil dialogar com você mesmo no futuro, saber o que é esperado de você, as coisas que serão lamentadas, as coisas que serão esquecidas.
Tento viver meu eterno momento de descobrimentos, de primeiras sensações, para ao menos poder dizer que tentei um pouco de tudo, por mais clichê que esta idéia seja.

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