Especulações livres

12 de jan. de 2009

Da negação à autosabotagem


Acho espantosa a habilidade que algumas pessoas possuem, a de ignorar coisas, agir como se nada estivesse acontecendo quando o mundo cai à sua volta, ou a simples capacidade de não dizer o que, em determinado momento, seria a única coisa plausível a ser dita. Tal capacidade talvez lhes garanta uma grande dose de paz em seu cotidiano. Entre o conflito e a negação, fazem a opção pela segunda e vivem felizes para sempre. Infelizmente, como em vários âmbitos da minha vida, nunca tive muita opção pela negação. Talvez por falha de caráter, acabo falando bem mais do que deveria, colocando o dedo sempre na ferida, atacando sempre pelo lado mais complicado, expondo-me em demasia. Como é fácil prever, paz de espírito não é meu forte o tempo todo, assim como minha vida não é a mais estável do mundo. Mas uma coisa eu posso afirmar: não vou precisar ficar contando ao meu analista sobre aquelas pessoas que recusei em confrontar a respeito disso ou daquilo; não vou ficar doente segurando coisas que não consegui dizer a quem quer que seja. Mais mundanamente, não vou ficar me perguntando mais se teria sido bom perseguir uma paquera com tal ou qual pessoa. Da minha lista de pessoas que eu poderia ter paquerado, mas não o fiz por diversos motivos, uma a uma estou descobrindo que realmente não havia nada possível de cultivar ali. Ou seja, lição de hoje: realmente vale a pena correr atrás daquela dúvida que fica te perseguindo. Será que julguei mal tal pessoa? Será que deveria ter dado a tal pessoa uma chance, e não dei? Será que há algo mal resolvido entre tal pessoa e eu? As perguntas não te trazem nada, apenas insônia e insegurança. Por outro lado, perseguir tais coisas até o seu desfecho final, seja ele qual for, traz uma paz bizarra, abre espaço no HD, numa metáfora computacional, para outros processos mais interessantes. Nada mais reconfortante do que descobrir que aquela pessoa, aparentemente legal, que você "deixara passar" sem saber por quê, realmente não tinha muito a lhe oferecer. Perceber que opções passadas, sobre as quais você não tinha muita certeza, eram de fato corretas, realmente acrescenta paz. A nova questão que se coloca é: o que fazer com o espaço livre no HD? Além disso, de forma mais auto-reflexiva: por que você se desautoriza tanto, a ponto de não confiar nas suas opções?

2 comentários:

Mikaellis disse...

Ninguém sabe viver, estamos todos aprendendo a encarar o mundo e outras pessoas. Não importando consequências futuras, a negação ainda será uma opção, e tão motivo para dúvidas futuras quando a ação.
Pois vou de joelhos até a Austrália se ninguém nunca se perguntou: " E se eu não tivesse feito, dito isso ou aquilo?"
Não é sempre porque uma coisa pode ser feita ou dita que deva acontecer. Isso cabe a cada um de nós escolher, uma escolha que não cabe a ninguém julgar mais certa ou mais errada que outra. Isso por que não existe tal coisa, o objetivo é sempre chegar no final do caminho, não importando quais os caminhos, por mais obscuros que pareçam.

Didi disse...

E tem mesmo que não deixar espaço vazio no HD? Ele tem que estar obrigatoriamente cheio?

Ah, tem um Meme pra vc no meu blog.

Abraços!

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