
O Komentarista
Especulações livres
1 de jun. de 2012
Des-razão

16 de ago. de 2011
Sou apenas mais um...

...e é um saco! Beijo, sinto desejo, paixão... e depois não vira. Estou tendo que engolir um fato que, de tão banal, tantas vezes passa batido. Não sou tão especial assim! Se o outro não quer, não é nada demais; é só o jeito que a vida funciona. E enfim, a vida é um fluxo contínuo (graças a deus!), e outras coisas virão, ou não... hoje escutei que talvez, por ser cientista (?) quero saber a resposta de tudo, e não aceito que algumas coisas simplesmente não têm resposta, ou motivo, ou ordem, ou sentido.
Confesso: é extremamente difícil lidar com isso, em qualquer circunstância, relativo a qualquer coisa. Ainda mais em coisas ligadas ao sentimento...
Mas enfim, quem sabe, aos 36 (chegando), eu tenha um pouco mais de maturidade...!
17 de jan. de 2011
O Nevoeiro (Frank Darabont, EUA, 2007,)

Uma versão do texto seguinte foi publicado na revista Mente e Cérebro de janeiro de 2009. Achei esse posto esquecido desde então. A intenção original era a de publicar o texto depois que saísse na revista, mas acabei deixando de lado. Não queria perder a oportunidade de publicar também aqui no blog. Espero que curtam!
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Construindo o inimigo: “O Nevoeiro” como metáfora para as guerras culturais norte-americanas
O filme O Nevoeiro baseia-se numa história de mesmo nome do autor Stephen King publicada em 1980. King, um dos mais prolíficos e conhecidos autores de horror do mundo, é fonte constante de adaptações cinematográficas; algumas delas já clássicas (como O Iluminado, dirigido por Stanley Kubrick). A história de O Nevoeiro centra-se no medo que emerge das relações humanas. O que acontece quando somos empurrados a situações limítrofes? Como lidamos com nossos conflitos e medos quando nos sentimos “encurralados”? A barbárie, como nos mostra essa história, está latente em todos nós, ainda que coloquemos a culpa nos monstros e outras entidades sobrenaturais que habitam essas histórias.
A história se passa numa pequena cidade do nordeste dos EUA, onde um grupo de pessoas se vê presa num supermercado quando um misterioso nevoeiro cobre a região. Inicialmente assustadas mas tentando raciocinar sobre o que fazer, o grupo é tomado de pânico quando se descobrem estranhas e mortais criaturas habitando o nevoeiro, prontas a matar qualquer pessoa que se aventure para o lado de fora. A partir desse ponto, vemos a exacerbação dos medos e paranóias das pessoas acuadas, abrangendo desde o fanatismo religioso (pronto a explicar os monstros como castigo divino), passando pela busca de apoio no coletivo, até a total falta de perspectivas de salvação. Diante da possibilidade real da morte, face à brutalidade de uma situação totalmente irracional e destrutiva, o ser humano não falha em dar sentidos os mais diversos ao seu contexto, de onde derivam os mais violentos conflitos.
Além desse foco nos meandros da psiquê humana, o filme sugere sutis críticas ao contexto cultural dos EUA recente. A divisão do grupo preso no supermercado, entre religiosos fundamentalistas e aqueles que acreditam numa explicação mais material para os monstros (seriam eles um experimento do governo que deu errado?), sugere a divisão que corrói há anos a própria sociedade norte-americana contemporânea. Uma sociedade cada vez mais dividida em “conservadores” e “liberais”; entre aqueles que buscam restaurar valores cristãos e outros preocupados em restaurar os valores democráticos tidos como fundamentais à sociedade estadunidense; entre apoiadores da ciência e aqueles que querem ensinar o criacionismo (ou o design inteligente) nas escolas; entre aqueles que pensam o mundo atual como envolto numa guerra civilizatória entre o Islam e o cristianismo e aqueles que desejam o fim das guerras e do intervencionismo unilateral dos EUA.
A noção de um inimigo difuso, desconhecido e mortal sugerem assim um comentário sagaz sobre as políticas da administração republicana dos últimos 8 anos nos EUA. No filme, esse grupo é representado pela personagem da Sra. Carmody, uma religiosa fundamentalista que consegue, a partir do medo gerado pelo nevoeiro, liderar um grupo dentro do supermercado, até o ponto de atacar quem não partilhava suas idéias. Como se argumenta, afinal, com explicações metafísicas e sobrenaturais? O diretor sugere que, cegados pelo medo, somos capazes de abandonar ideiais compartilhados de civilização na busca desesperada de salvação. O medo do outro torna-se, assim, uma arma de fácil manipulação em tempos de desconfiança generalizada. A fragilidade da ordem e da civilização torna-se, assim, o monstro mais amedrontador do filme.
Maleta (mini-conto)
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Edifício Maleta, Belo Horizonte. Cervejas chegam sem serem necessariamente pedidas. Garrafas ficam vazias numa velocidade que não consigo acompanhar, não bebo ta
[fim]
Fim de noite (mini-conto)
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Mais um fim de noite. Daqueles que já estavam ficando rotina. Sem aguentar beber como antes, eu vagava de uma festa a uma boite, de um bar a outra boite, paquerando sem muita esperança, tentando em vão manter alguma fração de dignidade, ainda que trabalhasse incessantemente para degradá-la.
Abre parênteses: Não, não sou moralista. Não acredito em celibato, muito menos em parar de beber por completo. O prazer não é errado em si; aqueles que o tratam como pecado, certamente precisam de mais ajuda do que aqueles que o praticam em excesso. Essa tem sido a minha experiência. Meus namoros com o celibato são, no entanto, bem concretos, mas completamente derivados de contingências. Ou seja, secas acontecem, e não temos nenhum controle sobre elas. Fecha parênteses.
Mas voltando ao tema da dignidade: enquanto bebia sem querer estar bebendo, perdia neurônios e discernimento, premisa básica para aquilo que sempre chamei "fazer merda": beijar quem não queria beijar, transar com quem nunca transaria de outra forma, perder horas e horas na caça.
A caça em si é emocionante. A eterna possibilidade, a expectativa de conhecer alguém fantástico (o que pode acontecer), ou mesmo aquela vontade de simplesmente conhecer alguém para trocar fluídos por uns momentos (o que muito provavelmente é o que acontecerá). E foi exatamente o que aconteceu ali, naquela noite, naquela mesma boite em que, em
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[o conto parou aí, de repente mesmo. O que aconteceu? Com quem esse personagem acabou ficando, se é que ficou? Que besteiras ele acabou fazendo? E por que ficar pregando que o prazer não é errado, se o conto inteiro é um poço de culpa e remorso? Coisas a se pensar...]