Especulações livres

12 de mar. de 2006

Relacionamentos: o eterno retorno dos mortos-vivos




Do site Mixbrasil:

[http://mixbrasil.uol.com.br/id/psi/ressaca/ressaca.shtm]

[...]De acordo com o psicanalista Júlio Nascimento, mudanças drásticas no padrão de comportamento após o término de uma relação são um sinal de punição. “Se por acaso o Eu se sentir culpado, pois ele acredita que destrói o objeto com seus maus tratos, e que o objeto num ato de vingança o abandonou como forma de retaliação, o Eu se sentirá culpado e o Super Eu, que não tolera erros por parte do Eu, vai tentar puni-lo. Nestes casos o corte de cabelo, por exemplo, pode ser experimentado como uma mutilação, ou a dieta como penitência etc”, explica.[...]

E como ficam pessoas que, como eu, usam de infinitas racionalizações para se proteger de decepções futuras, que nem aconteceram? provavelmente, enterradas em raciocínios cada vez mais elaborados, mal percebem o quanto estão se auto-punindo por "perdas" do passado. Muitos que como eu criticam a lerdeza e apatia alheia acabam por encobrir uma dificuldade enorme de auto-crítica e de caminhar adiante em áreas importantes da vida. De que adianta ficar calculando o Id e o Superego nessas horas? Não vira mais um exercício lógico tão vazio quanto oportunista? Acho que só conseguimos abrir mão do passado quando recuperamos a capacidade de imaginar que há um futuro. As mágoas que já se foram oferecem uma espécie distorcida de segurança, pois representam algo que nos é familiar. Ao mesmo tempo em que reiteramos uma briga passada, uma mágoa distante, revivemos também um pouco do projeto (falido) que, antes de terminar, movimentou nossos desejos e esperanças. O mal-resolvido serve, então, de conforto, como uma forma de dar sentido ao caos. Um sentido passado, morto, como um zumbi: um morto-vivo que come a carne dos vivos, pois ele impede a vítima de lançar-se em novos projetos, de correr riscos, de efetivamente viver. Reviver uma mágoa passada é como um remédio malicioso: Ainda que ele cure, aparentemente, a dor do vazio e da ausência, seus efeitos colaterais são, entre outros, uma sonolência profunda, uma falta de sonhos, e de vontade de ir adiante. Quem se apega ao passado comete o suicídio do futuro.

4 comentários:

Homem, Homossexual e Pai disse...

Caro Komentarista, seu texto sobre o fimdos relacioamentos e nossa attudes é muito lega, preciso ler mais sobre seu blog!
Eumesmo já me vi nestas situações, mas estou envolvidonum relacionamento longo neste momento e nem quero pensar em acabar!
abs

Ale Lima disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Ale Lima disse...

Mas viver em função do futuro também não é uma tortura ? É sim , um mar de incertezas e quando a gente vê ele já chegou , não aproveitamos o presente e ficamos mal pelas expectativas frustradas e não planejadas. Quanto ao passado, deve ser muito dificil se desvencilhar dele , mas é através dessa bagagem que faz a gente refletir sobre os erros e os acertos e aproveitar para colher os frutos de um ideal de vida coletiva , sejam eles em qualquer relacionamento..Bjs

Anônimo disse...

Muito bom e o post é bem reflexivo. Me fez pensar bastante.

http://dudu.oliva.blog.uol.com.br

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