Especulações livres

4 de jun. de 2006

Conversando sozinho

Anda difícil atualizar esse blog. Chega uma hora que ninguém aguenta ser denso, fica cansado, de saco cheio, sem gás. Ando meio assim, mas pelas melhores razões possíveis. Engordei 10 kilos desde o ano passado, meus cabelos brancos multiplicam-se na minha cabeça, mas eu ainda assim me vejo mais feliz do que nunca. Superei uma fase em que achava ter fracassado em quase tudo. Sim, para uma pessoa dramática como eu, qualquer problema relativamente simples pode se tornar um dilema enorme, existencial e de personalidade. Claro, fruto de inseguranças acumuladas durante anos e anos a fio. Fracassos são comuns, normais, são partes necessárias de qualquer caminhar, certo? Ainda assim, um pequeno deslize nada anormal me levou a questionar tudo, a cair num buraco negro de incerteza e fechamento. O tal "fechado papa balanço" nunca foi tão minucioso. Ainda que eu me sinta melhor a cada dia, capaz de sair de uma concha estranha, vejo que tudo à minha volta mudou. Quem sofreu a metamorfose nesse tempo em que estive enfiado num casulo, o mundo, as pessoas, ou eu mesmo? Rio diferente, penso um pouco diferente, acho eu, sei lá, pode ser também um grande exagero. Mudam as identificações, e pelo menos sou capaz de ver que não fracassei tanto assim, que acertei em muitas coisas, e que investi energia naquilo que me dava prazer. Encarar erros, ou medos, para mim pelo menos, sempre foi bastante complicado. Eu temo, logo existo. É fácil racionalizar tudo, tantas vezes já escrevi isso aqui. Tantas vezes quis, com o poder da minha lógica, balançar o mundo inteiro e fazer com que ele me aceitasse, ou com que as coisas acontecessem exatamente do jeito que eu achava melhor. Para uma pessoa que é insegura, nada pior do que ter que se expor diariamente a centenas de outras pessoas que, a cada deslize seu, real ou imaginário, te questionam e buscam minar a sua autoridade. Pelo menos algumas coisas que aprendi "na rua" me ajudaram a lidar com seres humanos que se relacionam através da rasteira e da facada nas costas. Talvez ainda seja difícil para mim torna-me acessível (paradoxal, não?), mas uma hora, quem sabe, eu acerto o ponto. Um dia eu achei impossível conseguir fazer arroz, e um dia eu consegui aprender a dirigir um carro, ainda que apavorado pela idéia. Ser sozinho pode parecer uma opção fácil ou tranquila, pela segurança, mas talvez seja a opção menos tranquila das que temos disponíveis.

6 comentários:

Râzi disse...

Ah, Fofo, eu não sei se as pessaos são realmnte assim... acho mais que quando estão agindo dessa forma, estão fazendo o melhor que podem... mesmo que esse melhor seja o pior...
E quanto a ser sozinho, já falamos sobre isso... ser sozinho, pra mim, é um problema incomensurável!
Digamos que eu seja uma solução estável... e eu preciso de algo pra reagir comigo e fazer as transformações necessárias!!!
Hehehehehehehehehehehe!
Do contrário, a preguiça me domina!!!
O importante é seguir em frente! Se tem gente se criticando, é porque vc as faz reagir, mesmo que seja por medo ou por se sentirem inferiores a vc!

Beijão!

Homem, Homossexual e Pai disse...

Ah! Tá com medo de ser frivolo e superficial? Que é isto meu caro! Não precisa fazer um blog "denso e cabeça" o tempo todo!
No roda viva, da tv cultura, uma vez perguntaram para a martha suplicy se elea asssitia novelas...e ela disse "tem momentos que eu quero relaxar, descansar, nao pensar em nada e a novel a é otima para isto"
Se bem que isto não me convenceu a assistir novelas....
O pior é que vc disse que estava cansado de fazer um blog denso e..mesmo assim o seu post está super denso! Nao adianta fugir do que somos não é?
abraços!
fabio

Ale Lima disse...

Sem dúvida essas frsutrações estão se tornando cada vez mais comuns para todos . Fiquei pensando nisso esses dias , pois a rotina quando toma conta é um desastre. Acho que as circunstãncias é que fazem-nos mudar radicalmente , seja um novo emprego, namoro , viagem. São poucos aqueles que conseguem tomar atitudes por si próprios e se aventurar por aí atrás de seus obejtivos. Eu sou conservador, tenho medo de muitas coisas ,mas menos da exposição. Aprendi que não adianta fingir o que somos e , se de um lado , os fracassos são horríveis e muitos , as vitórias são comemoradas com mais sabor e sem máscaras..Bjs

Anônimo disse...

Estou vivendo assim também.

Râzi disse...

Pára de conversar sozinho!
Conversa com a gente!!!

Hehehehehhe1

Beijão!

Anônimo disse...

Não tenho como discordar do Fábio... quem disse que vc precisa ser denso o tempo todo??? Dá uma esculachada de vez em quando, pô!!! Alivia que é uma beleza!!!
Ah... adorei o 'post-desabafo'!!!

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