Especulações livres

27 de jun. de 2006

Perder-se...

..., de repente, é algo tão fundamental, positivo, pois libera você de amarras e possibilita que energias criativas sigam um curso impensado, inesperado. A estabilidade pode trazer a sensação de segurança, mas o conseguir perder-se é, talvez, um exercício mais fundamental. Perder-se de referências, de lugares fixos, de coisas queridas, de pessoas, de rotinas. Experimentação sempre foi algo com que me identifiquei bastante. Boa parte da minha vida tem sido um grande experimento existencial, uma forma que eu encontro de tornar a minha curta existência carnal em algo que faça sentido, algum tipo de sentido, para mim. E que esse sentido seja belo de alguma forma, tenha algum tipo de poesia (para repetir algo que andei falando antes). Não que eu fizesse isso de forma consciente: muitas vezes experimentava algo por falta de noção, por falta de opinião própria, ou por fraqueza. Ainda assim, nunca saio de nenhuma situação de mãos vazias: sempre carrego comigo algo, seja uma cicatriz, seja uma nova linguagem, seja a habilidade de tomar cerveja com amigos, etc. etc. Não há perda, então, nesse perder-se... Hoje me perdi vendo o jogo do Brasil. Amanhã quero me perder e só me achar (ou ser achado) no final das férias... E que venham as férias!

2 comentários:

Anônimo disse...

Hum... não sei... acho que eu não gosto muito da idéia de me perder... sou obsessivozinho demais pra isso!!!

Héber Sales disse...

Perder-se... deve ser mais ou menos o que sente um etnógrafo nos primeiros dias de campo, não? Depois, tentando se encontrar num sistema de referências completamente diverso, ele vai conquistando a verdade sobre si mesmo: que é um animal feito de outros signos.
Super abraço, meu querido amigo.

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