Especulações livres

15 de jul. de 2006

Repetições

Quantas repetições não compõem a nossa psiquê? Canso-me, em dias como hoje, dos meus próprios caminhos sem saída. Andamos por eles, ainda que saibamos o final: sempre uma parede, ou um penhasco, ou algum outro obstáculo intransponível. Leio os posts passados e vejo, constantemente, as mesmas fórmulas batidas, as mesmas tentativas de causar impacto, as mesmas pseudo-revelações sobre a minha intimidade, as mesmas dualidades de sentido, as mesmas brincandeiras com as palavras, as mesmas dissonâncias semânticas, os mesmos gritos por socorro, as mesmas fugas da realidade, as mesmas piadas de sempre, as mesmas obscuridades, as mesmas inseguranças mal-disfarçadas... As nossas construções de sentido, sendo elas assim, sempre as mesmas, repetidas, não indicariam talvez uma incapacidade de driblar alguma construção subjetiva poderosa? Não estaríamos, dessa forma, fadados a repetir os mesmos erros, seja no amor, na amizade, ou na vida profissional? Existe alguma maneira de sair desses loops irritantemente estáveis? Eu já cansei de ficar aqui parado! Outro dia sonhei que, no meio de um cataclisma mundial (repetição), tentava ir ao banheiro/me proteger (não sei de onde saiu essa associação; repetição). Enquanto buscava um abrigo, para assim conseguir dar cabo das minhas funções fisiológicas mais fundamentais em paz (repetição), percebi-me EMPAREDADO (quebra; medo, descontínuo; susto). Não havia a porta do reservado mas uma parede de tijolos, não muito recente. Não havia saída. Ainda no sonho, decidi que me cansei disso, que não preciso mais disso. Será que isso é possível fora do sonho?

Um comentário:

Didi disse...

Já leu "Além do Princípio do Prazer" do tio Freud? Fala-se muito das nossas repetições.

Bjos!

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